era imposto, outras permitido e sempre impunemente, ainda
mesmo em nações que nunca admitiram as idéias romanas do
poder paternal". Os poetas dramáticos, que às vezes apelam
para o coração humano, representam com indiferença aquele
costume popular, que era seguido por motivos de economia
(™).
Vejamos agora qual era a condição social da mulher no
paganismo. Em toda a parte a mulher era considerada como
inferior ao homem. No Hindustão, na China e nos mares do
Sul, por essa razão, ainda há pouco destruíam crianças do
sexo feminino. Em Bengala suspendiam as meninas recém-
nascidas nos ramos das árvores em cestas, e assim pereciam
comidas pelas formigas, moscas e aves
de rapina. Tal era a condição do sexo feminino na infância. Se
sobrevivesse a mulher era levada a um ínfimo ponto.
Aristóteles escreve: "As mulheres são uma espécie de
monstros - o começo da degeneração da nossa natureza".
A poligamia, isto é, o costume de ter muitas mulheres a
um tempo, ainda que proibida pelas leis de alguns países, era
quase universal. Não há necessidade de demonstrar que tal
prática é evidentemente contrária à natureza, que dá
igualdade quase absoluta a ambos os sexos. Nem tão pouco é
preciso dizer que é uma prática degradante para a mulher,
pois trata-a como se fosse incapaz da afeição que tanto
distingue o seu sexo.
(30) Gibbon, no seu livro:
Decadência e Queda do império Romano,
descreve assim a situação
das crianças no direito romano: "Na casa paterna, os filhos são meras coisas". Confundidos
pela lei com os objetos semoventes. como o gado e os escravos, que o
dono
podia alienar ou
destruir, sem a menor responsabilidade perante qualquer tribunal, os pais podiam a seu
talante, castigar os filhos pelas suas faltas reais ou imaginárias, com açoites, com prisão, com
o exílio ou com a morte. "O exemplo de execuções sangrentas, muitas vezes louvadas e nunca
condenadas, encontra-se nos anais de Roma já depois de Pompéia e de Augusto" (cap.44.
p.368). Tal é o testemunho de um inimigo do Cristianismo sobre o paganismo. Mas é curioso
notar como ele mesmo indiretamente presta homenagem à influência benéfica do
Cristianismo quando diz: "O Império Romano esteve manchado com o sangue dos infantes até
que tais práticas foram consideradas crime por Valenciano. no código Comeliano" (p.371). Isto
foi cerca do ano 438, depois do triunfo do Cristianismo.
Um exemplo do tratamento das crianças, no auge da civilização romana, pode ver-se na
execução de Sejano, no tempo de Tibério. Os filhos de Sejano. um menino e uma menina,
novos demais para poderem ter qualquer parte no seu crime, foram condenados a morrer com
ele. A menina, na sua simplicidade infantil, perguntou o que tinha feito, mas nem a idade,
nem o sexo. nem a inocência lhe valeram. Segundo o maldito costume da época, foi primeiro
violentada
e depois morta. (A República Romana, de Fergusson, vol.5, p.354).